Encontros de Pais e Filhos

quarta-feira, 16 de julho de 2008

I


Edwin McOekker tinha uma vida perfeita, tudo o que pedira a deus. Em Chicago, ele tivera tudo o que um homem poderia querer. Estava em paz com Deus, Tinha uma linda mulher atenciosa, da qual ele não poderia reclamar, seus filhos eram ótimos, excelentes na escola e nos esportes, fortes e saudáveis.

Há quem diga que ele nunca teria uma vida assim, devido a sua conturbada juventude, se metendo em brigas e roubos.

Antigamente ele sempre culpava silenciosamente (às vezes nem tão silenciosamente assim) seus pais pelo que se tornara, sendo sua mãe uma alcoólatra e seu pai um adúltero, ele não tivera uma infância perfeita, pois tivera que aprender a sobreviver no subúrbio de Nova York.

Na escola ele não ia bem, pois nunca ficava acordado por causa de seus trabalhos noturnos, para que sustentasse seus pais. Sua raiva aumentava conforme era humilhado pelos seus colegas de sala, sempre gritando que seu pai era um perdedor e a mãe uma puta, e o pior era que Edwin sabia que aquilo era verdade.

Muito espancamentos depois, seja de seus pais, seja de seus colegas, Edwin encontra o apoio que precisava: um líder de uma gangue Irlandesa.

McGuire acolhera Edwin por acreditar que este era um sobrevivente, afinal, o garoto passara todos aqueles anos apanhando. E era isso que definia Edwin, a sobrevivência.

Passado os anos, Edwin se desvinculou da gangue, querendo ter uma vida normal. Para isso, ele foge com uma quantia razoável em dinheiro, grande parte roubada dos cofres de seu senhor, para Chicago, aonde começa uma nova vida.

Agora Edwin tinha uma vida perfeita. Até que McGuire o achar.

Depois desse encontro, sua família nunca mais fora a mesma. Eles ficaram abalados, depressivos e solitários conforme o tempo passava.

Afastando-se cada vez mais um do outro, a família de Edwin ruía. Mas ele não podia fazer nada, pois estava morto desde o fatídico encontro com McGuire, que queria acertar as contas. O encontro não terminou muito bem.

II

Mesmo depois de duas semanas após a perda de seu querido pai, Rudolph, ou Rud, como gostava de ser chamado, ia ao cemitério no horário que deveria estar na escola. Ele não saía do lado do túmulo de seu pai até o horário que supostamente deveria estar em casa.

Desta vez, ele estava visitando o pai à noite, porque não agüentava ver sua mãe chorando pelos cantos da casa e nem ter que cuidar de seu irmão menor, Andrew. Ninguém mais estava no cemitério, a não ser que o guarda que estava dormindo na guarita desde o momento que Rud chegara, pulando o muro, contasse como uma pessoa.

A noite estava fria e pesada, do jeito que era quando alguma coisa não ia bem. Os deuses pareciam gostar de estereótipos, com um cenário para cada sensação da pessoa. Poucos sons chegam ao ouvido de Rud além do barulho da tevê portátil do guarda e alguns guinchos de morcegos. O mar de lápides do cemitério não acabava, chegando até o limite da visão de Rud, dificultada pela falta de luz da noite.

Ele se lembrou com ódio do enterro do pai. Se lembrou do antigo chefe de seu pai, McGuire, o irlandês desgraçado. Ele tinha vindo prestar condolências a família daquele que assassinou, mesmo a polícia não conseguindo provar nada. Sua cara barbeada e cabelos curtos mostravam algo fora da realidade: Um bom homem de negócios, charmoso e educado.

O homem ainda teve a audácia de dizer que pretende fazer de tudo para que a família de um antigo amigo seu não passe fome, e se Rud quisesse, poderia ter um trabalho.

Passadas quatro horas ao lado do túmulo de seu pai, bebendo uma garrafa de cerveja comprada em um armazém local, Rud decidia que já era hora de voltar à casa dos prantos. O cemitério parecia mais com o seu lar do que a sua própria casa.

Foi aí que ele ouviu um barulho estranho, que ele nunca tinha ouvido antes. A terra ao redor dele estava sendo raspada, de dentro para fora, como se alguém quisesse sair.

Imaginando ser somente o efeito do álcool, depois do barulho ter sido parado, Rud, pegara a sua mochila e se despedia de seu pai da maneira que sempre fazia, todos os dias.

Até que percebeu, com o coração se encontrando com a garganta no processo, que havia um buraco do outro lado do túmulo.

—Fica mais fácil saindo por ali, menos concreto.

Virando-se como se sua vida dependesse disso, Rud depara-se com um duplo de seu pai, muito mais maligno e mal tratado, claro. Ele possuía as faces totalmente conservadas, mas seu peito parecia ter sido esfregado, além das mãos estarem em carne 'viva'. Um buraco era visto em seu peito, além de um corte feito por uma faca na boca do estômago.

Recuando, com medo, Rud corre até a guarita, gritando por socorro pelo guarda, mal ouvindo os apelos de silêncio de seu falecido pai. Ver alguém parecido com ele, com o seu jeito de falar e andar, pra não dizer a aparência, abalou o garoto que corria de uma forma que iria orgulhar o professor de educação física da escola.

Para o seu horror, o guarda não estava dormindo, e sim morto, para não dizer uma palavra pior. O que era curioso é que suas pernas não podiam ser vistas em nenhum lugar, como se tivessem fugido de medo, se recusando ficar no corpo de um molenga.

Agora o garoto via que o chão por ali estava todo cheio de buracos, assim como no túmulo de seu pai.

—Ah, parece que meus amigos estiveram se divertindo antes de mim, não é?— Disse o seu querido Pai, parando ao lado de Rud, que não conseguia exprimir o grito que fazia jus a cena — Por que está assim, filho? Parece que nunca viu nada assim naqueles seus filmes de terror à noite. Agora deixe de besteira e dê um bom abraço no seu bom e nem tão velho pai.




1 comentários:

Augusto Molkov disse...

Fora a formatação, não vi diferença do antigo. É um texto estranho, mas prende o suficiente da atenção.

E esse lay-out do blog não combina com você, hehehe.